Descubra quem vocês são e tentem não ter medo disso.

sábado, 2 de abril de 2011



E as vezes ela comentava entre risos e ironias sobre um ou outro rapaz. Eu não sabia o que me incomodava mais: a ironia do olhar, dos gestos e das falas ou o próprio sentimento que ela poderia realmente nutrir por esses garotos. Ela não me via com esses olhos e hoje acho que eu sentia ciúmes. Mas não sei dizer se na época eu possuia olhos de um felino procurando sua presa. Acho que não. Parecia mais com um cão sábio e velho, deitado ao lado da poltrona. Mas de sábio também não possuia nada. Deixava-me levar por esses sentimentos fantasiosos e os maquiava interiormente também. Provavelmente ela percebia esse rebuliço ridiculo e então brincava mais ainda com a vida; a minha, a dela e a dos outros; que ela realmente considerava como outros. E não sei se ela também entendia seus próprios sentimentos. Por mais que viesse sempre, as vezes vinha e nada falava. Sentavava-se no chão e o fitava, nas ocasiões mais sérias tentava se aliviar desenhando, escrevendo, pintando ou cuidando de suas próprias flores. Mas nada falava. Eu costumava a observar mais nessas ocasiões. Sentava-me na poltrona, acendia vários cigarros e olhava. Olhava fundo, tentando achar o que movia o amor e a tristeza dela; nunca achei ódio naquela delicada porcelana recoberta de seda.

continua...



02/04/2011 - Na ultima vez que postei fiquei refletindo as injustiças da morte. Quase um mês depois dessa tal morte ainda me pego relembrando fatos bem antigos ou do dia do enterro. Algumas lembranças me fazem sorrir; mesmo que seja andando no meio da rua e olhando para o céu; parece que ela está ali me olhando e cuidando. As outras lembranças são ainda os questionamentos; o entender por que e o não cair da ficha. Enfim; são momentos ainda bastante presentes. No mais acho que está na hora de voltar a me dedicar como bem no comecinho do ano aos estudos; não ter a responsabilidade de pontos pode fuder a vida de um estudante; enfim, botei na minha cabeça que vou passar então preciso fazer por onde e vou. Resolvi tatuar mais mês que vem, mais tres flores, completando as tres que já existem em minha perna, e no espaço entre elas fazer pequenas margaridas; mas dessa vez parecem tatuagens sem um significado; acho que já não são pra mesma pessoa de antes, nem pra ninguém; talvez sejam pra mim, por ter cismado que quero fechar essa perna e por amar flores. A verdade é que estou me vendo sem sentimentos, parece que realmente me livrei do gostar por mais que saudades ainda existam ... saudade existe, vontade não ... pessoas novas por ai, interesse nenhum em conhece-las. Penso que já conheci as pessoas fundamentais, seja pra fuder com a vida, seja pra te-las pra sempre. Não nego que nos demais anos muita coisa muda e muita gente aparece, mas cada dia tenho mais certeza de pertencer, em questoes de sentimento, a apenas algumas. E falando em saudade eu continuo muitas noites esperando a Thata me ligar, esperando alguns finais de semana a Ciça vir, esperando algumas pessoas sentarem nos velhos bares comigo, esperando um grito de guerra no começo do jogo. São saudades ...

Um comentário:

  1. Eu quero comentar. Risos e ironias me interessam... Mas bah! Perfeito! Eu quero (e vou) juntar todas as cartas, colocar num livro e ter na cabeceira da minha cama... Pra, toda vez que quiser chorar as saudades de pessoas, fatos, sinas ou astros, eu leia uma das páginas e sorria esse amor... Esse poeta, esse eu-lírico que me parece familiar, as vezes eu, as vezes vc, e sendo ele próprio me ensina coisas que nem posso te explicar.
    No mais são filosofias que eu nem consigo explicar... Qlqr dia desses senta comigo pra gente ver se traduz isso tudo... ^__^

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