Eu ainda não sei como eles lidavam com a sobrevida e as ilusões. O que eu sei é que convidei este novo rosto para entrar em minha sala. Internamente, e era de se esperar, a jovem se assustou com a bagunça da casa; com a bagunça de mim. Mas ela ficou, por pelo menos aquele dia ela ficou. Conversamos banalidades e casualidades. Eu fingia bem o conhecimento para uma pessoa que se ausentou da vida por tanto tempo. E quanto tempo fora que fiz isso? Não sei se dias, meses ou anos. E se foi tudo uma ilusão dessas que ainda não sei explicar ou lidar? O que importa é que a janela esta entreaberta.

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01/04/2016 - A rotação de pessoas, em qualquer lugar e em qualquer sentido, é sempre enorme. Normal em um lugar habitado por mais de 7,125 bilhões de capirotos. Mas nenhuma dessas pessoas esta preparada para a saída de outras de suas vidas. Ser humano não sabe lidar com ausência, esquecimento e perda. A consequência, as vezes indireta, é não permitir a entrada de novas pessoas, continuando a normalidade da rotação de pessoas. Não permitir a entrada do novo significa se prender e doer por um passado, além de perder esperança, sorrisos, histórias e n coisas que te fazem crescer e que são o que realmente se pode chamar de vida (e viver). Também é fácil falar tudo isso e apenas conseguir pensar e expressar não me faz uma praticante diferente. Queria eu expressar plenamente o "Amor Genuíno" como Jetsunman o explica. A questão (dentre mil que se passam comigo agora) é que lá sem vem (e talvez já se vá) um novo rosto encantador (de bonitezas e de luz). E óbvio que se for (tomara que não), se vai por imbecilidade de quem aqui escreve. Vivendo uma vida desenhada por outros e esquecida no passado Aprende guria.

Neste momento de embriagues me pergunto se eu sou só no mundo ou se existe mais homens e mulheres apenas sobrevivendo e definhando por uma ilusão barata? Outro dia, antes de fechar a janela, reparava que uma outra moça, diferente dela, fazia os mesmos caminhos, mas esta não vinha até mim como ela vinha. Lembrei disso durante a embriagues daquele mesmo whisky e pensei: será que se eu reabrir a janela a luz entra e trás este novo rosto? Abri a janela. A vi. A luz não me incomodou. Isto me surpreendeu. Mas será mesmo que havia luz? Chamei a jovem. Reconheci no seu sorriso a falta de compreensão quanto  existência. Minha pergunta estava respondida; existia sim mais pessoas como eu pelo mundo. Outra pergunta minha mente criou: como eles lidavam com esta sobrevida?

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24/11/2015 - Eu disse jovem, o mundo é um moinho. E sabe de outra coisa jovem, a vida não é real. Mas ainda que tudo acabe no mesmo instante em que acontece o sorriso vale a dor.

"Não fala nada deixa tudo assim por mim 
Eu não me importo se nós não somos bem assim 
É tudo real nas minhas mentiras E assim não faz mal E assim não me faz mal não"

Então à casa voltei. Fechei a janela. A claridade do sol voltou a me incomodar. Aqueles rostos viraram borrões, os sorrisos se amarelaram até enegrecer. Nenhuma moça que vinha era como ela. Nenhuma moça alegrava-me mais que uns rápidos instantes insanos. A mirra voltou a murchar, desapontada com meu fracasso em ser um homem comum. A poltrona voltou a ser meu lugar predileto; ainda possuía a forma do meu corpo, confortou-me. Fitava a escuridão do comodo e pensava, mais uma vez, em quando ela se foi, no por que ela se foi. Agora me parece que estes pensamentos serão mais uma vez a causa das minhas insônias e de minha embriagues.

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12/09/2015 - Irônico escrever neste dia. Dia de uma pessoa marcante, mas que no momento cede lugar a uma outra que me atormenta. Poderia escrever infinitas páginas sobre causos e sobre sentimentos, mas vou me contentar com o silêncio da falta de entendimento e do desapontamento. Abra teus olhos jovem, o mundo é um moinho.

Aquele rosto de sorriso bonito permaneceu muito tempo me provocando e as vezes me acalmando. Mas das vezes que a rua fui eu não encontrei a dona de tamanha graça sincera. Então outras belas moças de belos sorrisos eu toquei. Eram momentos sublimes e de explosão. Mas toda explosão tem sua poeira abaixada após algum tempo ... Lá vem mais um sorriso, um jeito, um encanto. Junto vem um mistério, um escudo. A frieza de uma fala chega ao meu ouvido como um suspiro quente. Insano. Facetas. Procura. Perigo ... Preciso voltar à minha casa. Ainda que a janela agora permaneça aberta lá ainda é meu porto seguro. Estou arrepiado; de vontade e de insegurança. Essas moças da janela são envolventes como o canto de uma sereia. Preciso me controlar ...

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14/11/2014 - Uau, quase um ano depois. Por que tanto tempo sem escrever? As tristezas acabaram? Os conflitos foram remediados? Bobagem. Nunca. O ser humano apenas aprende outras formas de lidar com dores, desesperos e raivas. Ou não aprende; apenas abstrai, guarda, enlouquece ... E as vezes faz tudo isso junto. Eu poderia descrever um mar de sentimentos nesse um ano, variando da sublime entrega a total ignorância. Bulhufas. Não há remédio para o que me tornei. Basta dizer que agora existe um certo, meio ridículo,  equilíbrio. Existe um sorriso e um desafio também.

No meio da escuridão os relâmpagos. Os clarões me permitiam enxergar rostos familiares na janela. Rostos que me faziam sorrir. Até que a luz voltasse e a terra secasse, fiquei como um velho bobo e contente; relembrando as histórias de cada rosto. Há muito eu não sorria. Há muito eu não suspirava. Então o sol voltou. Seu calor me arrebatou de uma forma inexplicável. Passei dias sendo apenas um sonhador bobo. Não era mais naquela dama que eu pensava. Pensava em um dos rostos da janela. O rosto de uma mulher de sorriso bonito e de coração gigante. A casa se inundava do cheiro das plantas que renasciam. Minha busca tomava rumo. A busca por uma nova mulher. Novamente uma busca impossível; mas este impossível tinha um gosto doce e alegre. Para aquela velha dama deixo meu eterno sorriso de amor. Até ela sabe que o lobo deve novamente uivar anunciando sua felicidade.

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28/12/13 - Passar 1 ano e 3 meses ao lado de um ser humano parece meu novo recorde. Agradeço todos os sorrisos, abraços, palavras, gestos, brigas, raivas, danças ... Uma vida bem vivida! ... Eis que na minha janela surge um outro rosto encantador e arrebatador. Um novo motivo, uma nova graça. Daquelas graças que te apertam o coração e enlouquecem a mente. Mas quem pensa no buraco de um erro quando se tem na frente todo um céu para ser voado?

 

E cada uma que me encantou e presente hoje não estava fazia um rombo no percurso da minha vida. Esse era meu significado para o fim: saudade de um passado, certeza de que ele deveria ser parte do presente e criar incertezas ainda maiores para o futuro. Fui na esquina e comprei um peixe. O observava ali; em seu aquario pequeno e vazio; nadava sem rumo e pouco. Então me vi. Eu era um peixe. Isolado! Isolados dos meus, isolado da beleza, isolado da imensidão. E isolado permancia. Como ninguém vinha até o peixe, ninguém vinha até mim. Por barreiras ou por falta de atenção; o fato é que o isolamente existia. O peixe pulou. Chorei. Será que eu também não aguentaria essa infinita, e que ja durava muito, solidão?

continua...

26/06/2012 - Ser humano incapaz de se contentar = eu. E o não contentar faz relembrar; o relembrar faz sentir; o sentir faz querer; o querer doi; a dor mostra a loucura dos pensamentos; os pensamentos dão saudade; a saudade da certeza do essêncial, o essêncial já não existe; a não existência é o fim; o fim é um momento de loucura total e sem saida.

Poucos dias depois as plantas morreram e com o forte vento a janela fechou em um estrondo. Agora não parecia que era um velho louco perdido no próprio tempo e mundo. Agora tinha certeza do meu fim. Não sabia contar minha própria história; perdendo-me no que era real e no que meu desejo criava e divagava. Não sabia se sentia ainda ou o que era sentir, como sentir, oq ue sentir. Vivia longe das pessoas, sem procurar ou desejar conhecer os seus segredos. Foi então que abri novamente a janela e como a últimas visão/ilusão vi passarem mil rostos de mulheres que para mim sorriam. Reconheci cada uma; sabia seus nomes e suas, e nossas, histórias. Sabia o que havia me encantando em cada.

continua...

01/03/2012 - E mais uma vez minha vida mudou. Um projeto que me fez refletir, que me fez ser util, que me mostrou o mundo. Uma pessoa que me encantou e eu desejei a ponto de sentir novamente e o sentir me despertou. Corri atras, consegui ... voou. Ninguém nunca fica em qualquer lugar. Os lugares nunca são os mesmos e as pessoas idem. Aquela não é a de hoje. É melhor em muitas coisas, como eu, mas é dolorozamente cruel em outras, como eu. Se foi, eu, como sempre, não. Sei que é o certo e apenas certo, não teve história dessa vez para terminar, mas, coração não aceita certezas. Coração é feito de sentir e sentir não há razão. E quando sente toda conta. E tomou. Cada beijo, cada galanteio, cada briguinha, cada cheiro, cada deitada no colo, cada gosto. Cada pedacinho de mundo bonito que vivemos. Mesmo com tantas belezas, triste estou, ainda.